Existe tanta identidade no contrário
Só não existe identidade aqui na gente
A gente é mais que projeto planetário
Vivendo no exílio da roda indigente
Existe a fúria e existe a calmaria
Os seus trajetos afetados de amor
A sua angústia era a minha rebeldia
A minha casa já é de outro senhor
No tempo antigo não havia o próprio tempo
As coisas são como são de parecer
Manancial de vinho, vulcão e vento
E ligação com todo aquele outro ser
A essa altura já perdemos nosso ninho
E da janela já entrou o velho caos
Eu mesmo homem, me sinto um menino
Mirando a morte em seu rosto abissal
E entre cacos quebrados no caminho
Eles fizeram sinais de comunhão
Viam a gente como se fosse um espírito
Da mesma vida ou de uma outra encarnação
Nunca entendi porque deixaram-me viver
E contrair essa dívida animal
Eu choro agora, mas não sei nem o porquê
Eu sinto a dor lá do fim do carnaval
E assim me perco entre a ponte e o labirinto
Esqueço e finjo essa minha intuição
Hoje, adulto, ainda me sento e brinco
Buscando em risos uma outra explicação