As primeiras fatias de luz azulada escapam pelas brechas da cortina. Depois de muitas horas intranquilas, a noite vira aurora. Ilumina o mundo que ainda dorme, mas não alumia o pensamento. Este segue incontrolável, louco, alucinado procurando referências para a arte e para a vida.
O grande diretor de teatro, quando pergunta repetidamente o que é a vida, nunca sabe o que vai ouvir. A sinceridade abrocha no rosto dos entrevistados e a emoção aflora. Eu, do lado de cá, nunca soube se era uma questão genuína ou uma pergunta retórica. Afinal, o que era a vida para o grande mestre?
O sol fica mais alto e, com o passar das horas, a mente se esgota com a fadiga dos que não dormem. O problema da insônia é que você só consegue dormir quando todos os outros se levantam.
Mesmo agora, no repouso da luz, a mente vaga buscando responder à pergunta do grande diretor. Sempre alerta, sempre em vão.